domingo, 21 de novembro de 2010

Vinícius Baião palestra sobre o Teatro Cristão na atualidade

No dia 20 de novembro, aconteceu na Tijuca o 6º Congresso Arena de Teatro, organizado pelo Ministério de Teatro Arena de Cristo. Na ocasião, Vinicius Baião, diretor da Cenáculo Cia. Teatral, palestrou sobre o teatro cristão na atualidade.
A 6ª edição do Congresso, aproveitando a data dedicada à Consciência Negra, levou artistas de teatro profissional e amador a questionar a discriminação, tanto racial quanto religiosa, ressaltar a liberdade de expressão, e debater sobre preconceito que esses artistas, católicos e protestantes, enfrentam no teatro. O evento, que aconteceu durante todo o dia, com palestras e apresentações, contou também com uma caminhada pacífica pelas ruas da Tijuca.

Abaixo você confere alguns trechos da palestra, entitulada "As novas perspectivas para o teatro cristão no Brasil", por Vinicius Baião:

Se pensarmos em termos não profissionais, o teatro com viés religioso é, certamente, o mais produzido em todo o mundo. Inúmeras são as igrejas e comunidades que costumam produzir encenações nas datas comemorativas de seu calendário litúrgico. [...]

No período inicial das discussões contemporâneas sobre as possibilidades do teatro cristão (início da década de 90), via-se tal manifestação apenas como forma de evangelização, e não se questionava (ou se fazia muito pouco) sobre as potencialidades artísticas e culturais desta manifestação teatral. [...] Surgem, nesta mesma época, os primeiros festivais de Teatro Religioso. A ideia de unir grupos em um mesmo evento para que pudessem se apresentar e, principalmente, compartilhar suas experiências, foi fundamental para o desenvolvimento e atual estágio do teatro cristão em nosso país, pois [...] fez com que os grupos investissem na sua formação [...].

Porém, se a estrada começava a se abrir para os artistas de teatro sacro,[...] um grande empecilho surge: “esses grupos não estão servindo a Deus, mas alimentando suas próprias vaidades”.[...] Era recorrente a discriminação que a própria igreja fazia com seus grupos. Dessa maneira, muitos voltaram seus esforços apenas para suas assembléias, não buscando novos caminhos, pois estavam influenciados de que fazer teatro e servir a Deus eram práticas incompatíveis.

Apesar destes contratempos, os festivais se multiplicavam e cresciam em organização e desenvolvimento artístico e espiritual. Desta maneira, as grandes instituições de caráter religioso perceberam que ali estava presente um grande potencial de evangelização e passaram a apoiar, em diferentes proporções, tais iniciativas. Vale destacar o CRISTOARTE, um dos pioneiros na organização de festivais, que já contou inclusive com o apoio formal da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

[...] Vivemos atualmente uma situação de decisão para o teatro cristão. Devemos decidir que rumos iremos tomar, pois [...] o universo teatral não tem conhecimento do nosso trabalho. Para o teatro brasileiro, o teatro sacro brasileiro não existe, apesar do número de grupos, dos festivais e mostras e de congressos como esse. [...] Alguns grupos já iniciaram este movimento de inserção no mercado teatral, [...] destacando-se: Chokmah, El shamah, ONG Ecoa, Cenáculo, Paz e Bem, Vivarte, entre outros.

Porém, apesar das constantes evoluções artísticas observadas nos últimos anos, a inserção de que estamos falando é prejudicada por um grave problema do teatro cristão: a dramaturgia. É preciso que desenvolvamos melhor nossos textos, que ainda carecem de aprofundamento teórico e variedade temática. Trabalhamos duas grandes vertentes em nossos textos: a biografia e a luta do bem contra o mal. Desta maneira, não temos a “aprovação” do meio teatral para ali nos inserirmos. Os espetáculos biográficos até conseguem certa entrada, mas os grupos permanecem estigmatizados e, logo, são descartados. Em minha opinião, os aspectos teológicos e dogmáticos em que baseamos nossa fé devem estar presentes nos espetáculos de maneira subliminar, adornando questões mais urgentes de nossa sociedade. Creio ser este o caminho para estarmos inseridos no universo teatral e, dali, criarmos mais possibilidades ao objetivo de evangelizar, pois se “de cara” já mostramos nosso objetivo, “de cara’ já somos descartados. [...]

Talvez, nós, realizadores de teatro, que utilizamos nossa fé e nossa religião como forma primordial para nosso trabalho, devêssemos [...] pensar [juntos], maneiras práticas para o desenvolvimento cultural e humano da arte cristã contemporânea. [...]

Apresentação no Teatro Raul Cortez encerra atividades com a peça Chiquinho nesse ano.

No dia 09 de novembro, a Cenáculo Cia. Teatral participou de Mostra Paralela ao 7º Festival Nacional de Teatro de Duque de Caxias, no Teatro Municipal Raul Cortez. A apresentação marcou o encerramento da peça neste ano.

Cenáculo em frente ao Teatro Municipal Raul Cortez, em Duque de Caxias

O Festival, organizado pelo Centro de Pesquisas Tetrais de Duque de Caxias em parceria com a Prefeitura de Duque de Caxias e a Secretaria de Cultura e Turismo, levou, de 01 a 14 de novembro, mais de 30 produções de todo o Brasil para o principal teatro da cidade, o Teatro Municipal Raul Cortez, projetado por Oscar Niemeyer e localizado no Centro da cidade. Segundo Guedes Ferraz, diretor do Centro de Pesquisas Teatrais, aproximadamente 17 mil pessoas passaram pelo evento, que envolveu cerca de 400 atores e técnicos.

Após a apresentação, com a equipe de organização do festival.

Com sua estreia em outubro de 2009, a peça Chiquinho foi apresentada, ao longo do último ano, em 17 diferentes espaços, entre igrejas, teatros, colégios e instituições, contando mais de 20 apresentações. A peça, que marcou o início da participação do grupo em festivais e uma ampliação do trabalho desenvolvido, está encerrando suas atividades este ano, para que o grupo comece a se concentrar e trabalhar na produção do próximo espetáculo. A partir de 2011, o trabalho do grupo vai se focar na nova produção, com Chiquinho sendo apresentada paralelamente, em caso de convites recebidos.

Cena inicial da peça "Chiquinho", em apresentação no Raul Cortez

Agradecemos a todos que apoiaram a peça "Chiquinho" e acolheram o nosso trabalho neste último ano. Que novas parcerias possam vir, e que possamos transformar mais palcos, igrejas, quadras e espaços, em novos altares para o Senhor.